quinta-feira, 26 de junho de 2008

I'll catch ya..

Televisão: Figurino X Tendência de moda.
Debora Silva
Estilismo e Moda (7º semestre)
Universidade Federal do Ceará
Resumo:
- Com o objetivo de esclarecer sobre a profissão do figurinista e o funcionamento da pesquisa de moda, este artigo traz alguns exemplos e relatos a respeito da massificação envolvendo a indumentária utilizada em novelas e mini-séries da televisão brasileira. Palavras – chave: figurino, televisão, tendência de moda. Analisando de perto, pode-se perceber que o consumidor de tendências está atento às passarelas e desfiles mundiais e principalmente, está ligado em toda e qualquer alteração de padrões estéticos a sua volta. Tendo como principio que a televisão é o meio de influência tradicional, o conteúdo de sua programação passa a ser o ditador principal daquilo que vem a ser tendência de consumo. Para iniciar a compreensão do assunto como um todo, é preciso definir moda, e segundo a estilista Doris Treptow: “A moda é um fenômeno sociológico. É preciso que exista um consenso, pessoas que acreditem, concordem e consumam esta ou aquela idéia para que ela vire MODA” (TREPTOW, 2003:53). Deste modo, pode-se concluir que a moda lançada é uma proposta de estilo baseada em pesquisa de tendências. A tendência de moda surgiu desde o Renascimento, quando a burguesia utilizava elementos estéticos no vestuário para se diferenciar, até que os mesmos fossem copiados e caíssem em uso popular, promovendo a queda dos velhos modelos e dando espaço a inovações (dentro das restrições da época). A pesquisa de tendência é realizada por pesquisadores que traduzem dos grandes centros de informação aquilo que foi publicado ou mostrado como referência em estilo ou tendência de estação. É o caso de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, aqui mesmo no Brasil, capazes de traduzir em suas semanas de moda o que foi predestinado pelos estilistas internacionais. Se tratando de um fenômeno que envolve tempo e gosto pessoal, a vida útil de uma tendência de moda tende a ser curta, de preferência com uma certa data de lançamento (a partir do momento que é utilizada por um integrante do grupo vanguardista), passando pelo ápice do gosto popular (quando o mercado recebe do consumidor a necessidade em ter o produto) e por fim, porém sem data marcada, o desuso por meio da saturação. Este é o ciclo já conhecido pelos pesquisadores: lançamento, consenso, massificação e desgaste, justamente, onde entra a pesquisa feita pelos figurinistas. O figurinista tem como principais funções: pesquisar a identidade da personagem de acordo com o texto e com o ator que o interpretará, criar um estilo para ela e acompanhar o desenvolvimento do traje. O traje do ator, mais conhecido como figurino, deve caracterizar a personagem de acordo com sua natureza, estereotipando ou humanizando, de maneira que o público identifique e capte as características principais, absorvendo-o. O figurino deve estar de acordo com a proposta temática, sendo desde o telejornal até a novela de época, cada qual com um acervo preciso e respectivo, indicando as referências esperadas para cada ambientação. No caso da novela, que pode se afirmar é o referencial deste diálogo entre moda e figurino, a concepção da própria dramaturgia traz consigo a justificativa de que a realidade está sendo refletida na maioria das vezes. Dentre tantas definições para o gênero é possível concluir que a novela, assim como a moda, é a utilização da estética para atrair desejos e com isto o consumo. Neste ponto é possível unir figurino à pesquisa de tendências, e um bom exemplo desta soma são os personagens que fizeram história por suas características como cabelo, gírias, acessórios ou jargões. A personagem Bebel interpretada por Camila Pitanga na novela Paraíso Tropical (TV Globo, 2007), trazia não somente a “caracterização cultural” estereotipada, mas também introduziu uma indumentária curiosa que se espalhou rapidamente pelo país. No site da emissora, encontra-se a seguinte citação: “Vestidos justíssimos, cor rosa-chiclete, tops, maiôs engana-mamãe (de costas, a peça parece um biquíni), botas corsário, fendas e acessórios exagerados: o look Bebel era bem-humorado e em excesso, e conquistou as telespectadoras”, a comprovação de que o figurino estava destinado a causar impacto e virar moda. É a explícita situação em que o personagem se torna uma referência para os telespectadores. Não que o indivíduo visse a si mesmo através da personagem, ou que ele quisesse ser como ela, mas o atrativo que a indumentária proporcionava através da estética com certeza estava acima das questões sociais nas quais a personagem estava inserida. Já em casos como a novela de época Chocolate com Pimenta (TV Globo, 2003), onde houve uma pesquisa de indumentária para duas fases cronológicas, envolvendo a década de 1920, o figurino desempenhou a função de indicar a transição do tempo e codificar a alteração na personalidade de sua protagonista. Nesta trama, o intuito era insinuar a tendência voltada para os elementos de estilo como modelagens, cores e adereços, e também influenciar no design de acessórios, maquiagem e calçados. A funcionalidade da pesquisa de tendência se vê presente constantemente na dramaturgia, uma vez que utilizada como meio de interação com os telespectadores, a pesquisa é o norte para aqueles que alimentam a engrenagem do consumo.

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